A Unipaz e a Pedagogia da Cooperação

Você conhece a história das colheres de cabo grande? Neste curta metragem, pessoas competem pelo que pode ser seu último recurso de vida: um prato de comida. Em uma situação onde todos lutam pela sobrevivência, o paradigma da escassez e da separação produz o desejo de querer o máximo para si, provocando atitudes agressivas, cruéis e egoístas contra os outros que aparentemente lhe privam da sua necessidade.

No curta, apenas quando a generosidade e a bondade se fazem presentes é que se aprende a lição de que a cooperação é a única via de regeneração do mal da competitividade e do egoísmo. A colaboração mútua e recíproca coloca em evidência uma nova forma de organizar os relacionamentos entre os seres humanos. Através da cátedra da ternura e do amor, podemos ser solidários uns com os outros na satisfação das necessidades de sobrevivência e de transcendência.

Sozinho não somos completos. Precisamos do encontro e da troca para haver a realização plena e sentido de vida. No encontro cooperativo nos transformamos, cultivamos discernimento, tolerância e respeito.

Mas a dominação da força masculina criou uma visão de mundo competitivo, de poder vinculado à dominação, à guerra, à competição, ao individualismo, à inflexibilidade, às conquistas pessoais, etc. Nossa sociedade patriarcal preza o racionalismo frio e egoísta. Portanto, o retorno é necessário e se faz através da integração de valores e virtudes, pelo resgate dos aspectos femininos que abre o coração, em um maior grau, à intuição e ao sentimento, à linha curva e à doçura, à acolhida e à doação, à cooperação e à generosidade.

A Unipaz tem, em sua pedagogia, a Carta Internacional da Consciência. Esse código de pureza desvela os princípios para quem busca inspiração nos mais altos degraus de inteireza, inclusividade e plenitude.

A ecologia e consciência pessoal evoluem de uma educação pela paz e é alcançada através do reequilíbrio entre as forças masculino e feminino. Pierre Well lembra-nos que “A Paz na sociedade é obtida através do desenvolvimento do espírito de cooperação e de sinergia a serviço de propósitos superiores, […] a união da efetividade masculina e da afetividade feminina, assim como, no tratamento dos conflitos, a mediação e o diálogo com esforço de compreensão mútua.”

A Pedagogia da Cooperação tem o propósito de instaurar uma cultura de cooperação nas relações humanas. É dito que aprender a fazer junto para ven-Ser quem se é. É importante trazer a registro a existência dos quatro pilares que norteiam a Pedagogia da Cooperação:

  • O princípio da co-existência e o aprender a conhecer: “Seja lá o que uma pessoa pensa, sente, faz ou não faz, ela afeta todos as outras e é afetada por elas, sem exceção”. Todos nós jogamos juntos o mesmo jogo-vida.
  • O princípio da com-vivência e o aprender a conviver: A necessidade de que todos sintam-se realmente “participantes da caminhada”, permitindo a inclusão de“ideias, de sentimentos, de visões, de sensações, de atitudes, de comportamentos, de valores das pessoas e de relações”.
  • O princípio da cooperação e o aprender a fazer: Aprender a fazer junto com o outro, preocupando-se com ele e partilhando recursos, pontos de vista e olhares. Esse princípio nega a crença de que os primórdios da humanidade conformaram uma história de competição; pelo contrário, culturas ancestrais em geral cultivavam posturas bastante cooperativas.
  • O princípio da comum-unidade e o aprender a ser: Cultivar o instinto de comunidade humano como uma potência que abre novas possibilidades de construção coletiva. Aprender a ser em comum-unidade, contrapondo uma lógica individualista.” (Fonte: Projeto Cooperação)

Destarte, […] “faz-se aqui uma provocação para ir além da polaridade do ganhar-e-perder e caminhar rumo a um novo e urgente jogo, no qual todos possam realmente ven-Ser, isto é, ser mais plenamente quem se é e, assim, poder se importar genuinamente com os outros, ao se entender que o bem-estar pessoal é totalmente interdependente do bem-estar comum.” (Fonte: Pedagogia da Cooperação. Caderno de Referência do Esporte, 12. Fundação Vale e UNESCO.)